Destacando-se como uma das possibilidades de sua aplicação, a mediação de conflitos na área escolar vem ao encontro dos anseios de muitos profissionais da educação, dos alunos e de suas famílias, que se percebem, muitas vezes, despreparados para administrarem situações conflituosas no interior da escola.

Os prejuízos físicos, psicológicos, pedagógicos, morais, éticos e sociais decorrentes dessas situações limite podem assumir dimensões desastrosas, ao ponto de comprometerem a imagem das instituições prestadoras do serviço educacional, uma vez que todo o ambiente pode ser contaminado, implicando em fracasso escolar, transferência de escola, ou até evasão escolar, configurando-se como mecanismos de exclusão.
A intervenção da mediação escolar inicia-se por uma conscientização da necessidade da criação de um ambiente facilitador de convivência humanizada, pacífica, coerente com o que representa a escola, enquanto lugar de formação científica, mas também moral e ética de cidadãos em especial desenvolvimento, como são as crianças e adolescentes. E finaliza-se pela formação de professores e alunos tornando-se capacitados para intervir pacificamente na administração dos conflitos em todos os segmentos da escola.

O aprendizado e a vivência das técnicas e atitudes da mediação implicam em uma percepção de mundo diferente daquela que predomina atualmente, representando uma mudança de paradigma, pois facilita o aparecimento de atitudes de não julgamento, respeitosas à autonomia do outro e colaborativas, que amenizam um quotidiano tão competitivo, que frequentemente gera conflitos descontrolados, desnecessários, marcados pelo autoritarismo e pela violência em todos os níveis, que trazem prejuízos para toda a sociedade.

O processo de mudança de paradigma em mediação é uma vivência difícil de ser assimilada pelos adultos, pois as pessoas são educadas, desde cedo, iniciando na família, a perceberem o outro, principalmente, os muito diferentes, como pessoas a serem corrigidas, conduzidas, excluídas e até depositárias de nossa raiva, mágoa, e outros sentimentos difíceis de administrar.

Em função desse estado de coisas a escola torna-se um ambiente estratégico para que, desde cedo, sejam formadas consciências baseadas no novo paradigma colaborativo, de respeito às diferenças e autonomia do outro, cuidando das relações interpessoais, desenvolvendo, conforme nos ensina Leonardo Boff, uma ética do cuidado, cuja ausência compromete as outras éticas das relações humanas.

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